O ex-negociador John Clarke, que participou das negociações do acordo entre União Europeia (UE) e Mercosul, afirma em entrevista à Exame que as críticas do setor agrícola europeu ao tratado são uma “falsa batalha” e retórica protecionista, não um problema real para o agro europeu. Segundo Clarke, o acordo contém mecanismos que protegem a agricultura da UE, com setores sensíveis não sendo totalmente liberalizados ou sujeitos a cotas que limitam a concorrência desleal. Ele ressalta que protestos de produtores — especialmente na França e na Polônia — refletem preocupações sobre subsídios e custos de conformidade com normas ambientais, não impactos diretos das importações do Mercosul. Clarke também destaca a importância geopolítica do acordo em um cenário global mais protecionista, embora o tratado ainda precise da aprovação do Parlamento Europeu antes de entrar em vigor, possivelmente só em meados de 2026.
