
Appello ao Governo e ás Camaras Municipaes
DESTRUIÇÃO DAS MATTAS
Destruir soberbas mattas de terras uberrimas, que vão ser entregues para sempre á cultura, não é grande mal e mesmo não se poderia recriminar contra esta pratica se toda a madeira de lei fosse aproveitada. Mas destruir mattas ou capoeiras só para tirar duas ou tres colheitas, atear fogo em quasi um districto inteiro, para fazer verde a algumas cabeças de gado, queimar immensos campos e mattas pela locomotiva de estrada de ferro mal dirigida, ou arrazar florestas de íngremes morros, de profundas barrancas, de nascentes d’água ou de beira-rio, ou inutilizar as mattas junto a centros populosos só para aproveitá-las em carvão ou lenha, é simplesmente procedimento de bugres ou de vandalos e o governo ou mesmos as Camaras Municipaes deveriam com leis as mais severas pôr um paradeiro a tão insensato, quão imprudente procedimento. Com a destruição exagerada das florestas o clima do paiz modifica-se completamente: as estações tornam-se irregulares, as chuvas ora vem cedo, ora tarde, ou são escassas ou são copiosas demais, os rios tornam-se caudalosos e ha fortes inundações ou então seccam quasi completamente, a ponto de não dar agua para fazer trabalhar a mais insignificante machina; os ventos estão sempre empanheirados de fortecamada de pó, o calor, torna-se abrazador; tudo isso contribue para o mal estar dos habitantes e tambem para a irregularidade da produção, esterilisando o paiz pouco a pouco. Lembramos como arvores florestaes de rapido crescimento e de excellente madeira o cedro, o timbó, a cajarana, o pinheiro, o guaratá e muitas outras e as estrangeiras como os eucalyptus, as coniferas, os carvalhos, etc., etc., que em menos de trinta annos poderiam fornecer bem servível madeiramento. Para o cultivar dessas arvores ha despezas só nos primeiros 4 a 5 annos, porque depois a sua conservação poueos gastos occasionará, estando convencido que cada arvore faz de uma ou duas mil réis de madeira por anno. Acresceria a vantagem destas terras muito augmentarem de valor, porque iriam pouco a pouco recuperando as suas forças productivas. Foto: ANeto. Fonte: Esalq Sempre.